Ela levou um susto ao notar que o ar, de fato, não se movia. Nada estava se movendo. As nuvens, árvores, folhas, poeira, balanços e insetos. Tudo. Tudo menos ela. Ela andava, perambulava de um lado para o outro.
Ela não lembrava como havia chegado ao parque, muito menos o porque. Mas sabia que quando chegara , as coisas se moviam. Ela tropeçou. Caiu na grama. Se machucou pois as folhas não eram mais macias. Não se moveram. A espetaram. Quando se levantou, lembrou.
Quando chegara, mais coisas se moviam. Pessoas. Pessoas se moviam. Não era um dia cheio, mas haviam pessoas. Alguém andava com ela. Não conseguiam mais se lembrar. Tornou a andar. O som que suas passadas se congelavam ao saírem do chão. Ela suspirou, mas não ouviu. Não ouvia nada; Seus ouvidos necessitavam ouvir. Logo ela procurou as orelhas na esperança de poder ouvir novamente. Não achou. Achou, no lugar das orelhas, algo. Não sabia identificar.
Do horizonte, algo começou a ir à direção dela. A coisa se aproximou. Parecia uma pessoa de capa preta. A pessoa ficou a 3 metros longe dela. Era uma capa preta que flutuava. O espaço dentro do capuz estava muito escuro. Muito. A capa se abriu. Ela ouviu algo. A capa caiu.
Dentro de onde a capa estava, havia um espelho. Ela se viu. Se viu andando sozinha no parque e alguém apareceu. A pessoa a pegou. Bateu nela até sangrar. Ela não olhou mais. Tirou do ouvido o que ela não identificava. Ela viu uma faca ensanguentada em suas mãos. Em sua cabeça, um buraco.